A queda do dólar frente ao real tem centrado as atenções da equipe econômica do governo nas últimas semanas. Com a moeda estrangeira atingindo sua cotação mais baixa em mais de dois anos, por volta de R$ 1,65, Ministério da Fazenda e Banco Central têm se desdobrado para segurar uma queda mais brusca da divisa e evitar danos ao setor exportador.
A desvalorização da moeda norte-americana, no entanto, não é um fenômeno restrito ao Brasil. O dólar também perde valor frente a uma série de moedas, descambando para o que, por aqui, já vem sendo chamado de “guerra cambial”, com diversos países tomando medidas para controlar a valorização da moeda nacional.
Além das medidas brasileiras – que até agora incluíram aumento da alíquota do IOF para investimento estrangeiro na renda fixa e elevação da capacidade do governo para “enxugar” o excesso de dólares no país – Japão e Coreia do Sul, entre outros, também entraram na roda.
“Na verdade cada país fica tomando medida só na parte doméstica, quando seria mais produtivo que houvesse coordenação”, afirma o professor do Insper (ex-Ibmec São Paulo) José Luiz Rossi. “Isso acaba colocando pressão em outros países para também adotarem medidas. Ficam ineficientes essas medidas unilaterais”, diz ele.
Nessa disputa, a China tem sido apontada como vilã. “A China é o caso extremo, porque ela mantém uma paridade com uma taxa de câmbio mais desvalorizada, com a política brutal de acumulação de reservas. Obviamente é de interesse [dos outros países] que ela flexibilize um pouco mais o mercado cambial. Sem isso os outros vão ficar tomando essas medidas pontuais”, pontua Rossi.
De acordo com o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a atitude chinesa é a mesma adotada há muito tempo. O que mudou, diz, foi a situação externa, ainda decorrente da crise financeira: “o que se agravou é que os países desenvolvidos, Estados Unidos, Europa, Japão, estão emitindo muita moeda, jogando dinheiro no mercado pra ver se a economia se aquece” – e quanto mais dinheiro emitido, menos ele vale. “São os países desenvolvidos que estão com ritmo de crescimento muito baixo, e para ativar estão injetando dinheiro no mercado”, diz ele.
“A economia americana não está indo tão bem, e isso tem impacto na própria moeda do país”, concorda Luiz Fernando Orlando, gerente de câmbio da TOV. “Tem ainda um grande desemprego, a indústria ainda não retomou suas atividades, e isso favorece a depreciação do dólar como instrumento de pagamento”.
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