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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eleições 2010 – Dilma Rousseff é entrevistada no Bom Dia Brasil, promessas impossiveis

A candidata do PT à presidência foi entrevistada no Bom Dia Brasil, pelos jornalistas Renato Machado, Renata Vasconcelos e Miriam Leitão.
O Bom Dia Brasil dá continuidade à série de entrevistas com os principais candidatos à presidência.O sorteio, acompanhado por assessores dos partidos, determinou, para hoje, a entrevista com a candidata do PT, Dilma Rousseff.Para não atrapalhar a agenda dos candidatos nesta reta final da campanha, o Bom Dia Brasil ofereceu a eles que a entrevista fosse gravada na noite anterior.

Acertou-se com os candidatos que as entrevistas gravadas seriam exibidas sem cortes ou edição. Foi assim com Dilma Rousseff. Veja a entrevista gravada ontem à noite.

Renata Vasconcellos – Candidata, são promessas suas de campanha: criar 500 unidades de pronto atendimento, o governo Lula criou 123; construir seis mil creches e pré-escolas, no governo Lula foram 1.800, menos de 1.800; construir mais de 2 milhões de casas populares, no governo Lula foi a metade. Por que o governo não fez em oito anos o que a senhora está prometendo fazer em quatro?
Dilma Rousseff –
Primeiro porque naquele momento em que nós iniciamos o Brasil ainda tinha uma imensa dificuldade, tanto no que se refere ao problema das suas contas públicas quanto ao que se refere à inflação, que tinha chegado a 2%. E também pelo fato de que a gente ainda tinha uma dívida grande com o Fundo Monetário, quando o governo Lula começou. Quando a gente conquista todas as condições para que a gente possa colocar o investimento na ordem do dia, gerar mais emprego e colocar o programa de aceleração do crescimento é num segundo período do governo Lula e aí a gente tinha uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto em torno de 3,5 e 4%. Agora não. Agora o Brasil está crescendo em torno, nós calculamos para fazer o PAC 2, que são R$ 955 bilhões, ou seja quase um trilhão, nós estamos fazendo um cálculo até conservador, uma taxa de crescimento da economia de 5,5%, uma avaliação da taxa de inflação entre 4,5 e 5. E uma tendência decrescente do endividamento público chegando no final de 2014 com 28%. Fazendo todos esses cálculos, é consistente o gasto que eu apresento, ou seja, é possível garantir e assegurar que dá para fazer 500 UPAs, dá para fazer um investimento de quase R$ 45 bilhões em água tratada, esgoto, drenagem.
Renata –
Pois é, candidata, não são promessas, tudo bem, não deu para fazer em oito anos, mas agora em quatro anos, segundo a senhora, daria. Mas não são promessas quase impossíveis de serem cumpridas, por exemplo, quando a senhora sugere construir 10 mil quadras esportivas nas escolas. Para isso virar realidade seria preciso construir todo dia sete quadras durante quatro anos, na questão das creches, quatro por dia, sendo que cada creche demora seis meses. Enfim, e por aí vai, são mais de 1,3 mil casas por dia, não é difícil de cumprir?
Dilma – Você sabe, quando a gente começou o Minha Casa Minha Vida e a gente colocou a meta para os empresários, que eles construíram o projeto junto com a gente, eles só queriam construir 200 mil. Hoje tem já contratadas mais de 600 mil casas do Minha Casa Minha Vida, já passou dos 500 mil. Tem uma coisa que é muito importante.

Renata – Mas a senhora está propondo 2 milhões em quatro anos.

Dilma – Tem uma coisa que é muito importante e que todo mundo conhece, que chama curva de aprendizado. A capacidade que o ser humano tem de aprender a fazer.

Renato Machado – Foi bom candidata, desculpe interromper, foi bom candidata a senhora ter mencionado a palavra aprendizado. Eu tenho números aqui do IBGE. O Brasil tem o pior desempenho entre os países do Mercosul na evasão escolar e na reprovação de alunos. Por que o governo não conseguiu melhorar esses números, candidata?

Dilma – Olha, o governo conseguiu dar um passo grande no que se refere à melhoria dos índices, do Ideb. Sobretudo pelo seguinte, nós tivemos um período, tanto no que se refere à educação quanto no que se refere à infraestrutura, sem investimento. Para você ter uma ideia, esse processo é um processo que começa, por exemplo, com uma proibição de investir em escolas técnicas. Você veja que o governo federal não podia fazer escolas técnicas no Brasil porque tinha uma condição feita por uma lei de 1998 que dizia o seguinte: só pode investir em escola técnica se a prefeitura ou o estado garantir o custeio. Quando nós voltamos a investir em escolas técnicas, nós fizemos 214 escolas técnicas.
Renata – Mas hoje o país enfrenta uma escassez de mão de obra.
Dilma –
Em um século, até 2003, tinham sido feitas 140. Nós vamos deixar o governo tendo feito 214. Tem uma questão que é a seguinte, até foi o empresário Gerdau que me disse uma vez: meta é algo que você coloca para você para cumprir, se mobilizar para fazer. Essa é uma questão fundamental. Quando eu comecei a fazer o PAC, por determinação do presidente Lula, não existia projeto, Renata. Sabe o que é projeto? Não tinha projeto, não tinha projeto básico, não tinha nenhum processo que a gente chama prévia ou licenciamento, que é o projeto básico ambiental para você ter licença prévia. Nós mobilizamos os governos estaduais e os municipais. Hoje o Brasil está cada vez melhor nessa área. Nós, eu te asseguro, o PAC 2 ele reflete não é o aprendizado do governo federal, ele reflete o aprendizado das prefeituras, que melhoraram a qualidade dos seus projetos, e dos estados. Melhorou muito.
Miriam Leitão – Candidata, o BNDES tem feito escolhas de campeões, empresas para concentrar financiamentos. Alguns desses financiamentos são ruins, por exemplo, o financiamento para um frigorífico que quebrou três meses depois, um outro frigorífico foi para comprar um frigorífico no exterior que não criou emprego no Brasil. As empresas estatais estão crescendo, aumentando o número de empresas estatais, tudo lembra o ideário econômico do governo militar. Se a senhora for eleita, a senhora pretende reconstruir esse modelo, que entre outras coisas ruins, trouxe a escalada inflacionária?

Dilma – Olha, Miriam, eu acho que o BNDES teve um papel importantíssimo. Quando veio o choque de crédito, você deve se lembrar, sumiu o crédito no Brasil, ao invés das empresas brasileiras quebrarem, elas não quebraram dessa vez, nem tampouco o governo federal quebrou. Nós saímos da crise. Fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair. Um dos motivos foi o BNDES. Nós capitalizamos o BNDES com R$ 180 bilhões. Um país que não reage à crise a garantir os empregos, nós não fizemos só isso com o BNDES, nós reduzimos impostos, tanto na indústria automobilística quanto na linha branca.
Miriam – Ninguém tem dúvida do papel do BNDES, é importante. Mas assim…

Dilma – Eu completo.
Miriam -
Mas nesses casos específicos, esses casos que eu falei, a senhora não acha que houve um erro de gestão, um erro de escolha?
Dilma - Não concordo. Acho que o BNDES tem uma taxa de inadimplência muito pequena, de 0,2%. Risco de crédito sempre há. Eu considero que o Brasil está numa outra etapa, diferentíssima dos governos militares. Primeiro, porque vivemos uma democracia e nós duas sabemos o valor da democracia, de você poder se expressar livremente, de ter liberdade de imprensa.
Miriam – Eu falei no ideário econômico, claro que não no ideário político.
Dilma –
Do ponto de vista econômico nós fomos completamente diferentes também. Pelo seguinte. Nós acreditamos na força da iniciativa privada no Brasil. Só não achamos que o estado, por isso, não tem de estar presente dando as condições para investimento. Então, vou te falar uma coisa. No Brasil, hoje, nós temos crédito de longo prazo graças ao BNDES. Sabe qual foi uma das maiores dificuldades para fazer o Programa de Aceleração do Crescimento, é que crédito de longo prazo no Brasil era cinco anos. Cinco anos você não faz hidroelétrica, não faz transposição do rio São Francisco, você não constrói gasoduto, você não faz grandes obras que o Brasil precisa para poder garantir que nós continuemos gerando os 14 milhões de empregos, mais de 14, vamos chegar a 15 milhões.

Renata – Pois é, então, candidata, falando de investimentos, vamos falar de reforma. A reforma tributária. A senhora a pouco tempo, em uma entrevista recente, disse que a situação dos impostos no Brasil é caótica.

Dilma - Eu acho.
Renata - Então, porque em oito anos de governo o presidente Lula e a senhora não fizeram a reforma tributária?
Dilma - Olha, nós enviamos várias reformas ao Congresso. Há um problema seríssimo, eu acho que vocês também sabem disso, que é o fato que sempre que você quer fazer uma reforma tributária coloca-se em cima da mesa a questão dos recursos entre os estados, a União e os municípios. Tem muito estado que não quer perder. Então, há uma dificuldade de fazer a reforma, mas eu quero dizer que o governo Lula tentou e algumas nós fizemos. Eu vou dar exemplo: o Super Simples, a isenção para as micro e pequenas empresas, o micro empreendedor individual. E isso, inclusive, é responsável por um dos mecanismos muito importantes do ponto de vista econômico, que foi a formalização tanto do emprego como das empresas. Eu vou fazer uma reforma tributária porque eu acho que eu tenho de colocar isso como prioridade. Primeiro, porque se não reduzir imposto de investimento, o país não ganha em competitividade. Segundo, porque também tem de diminuir a distorção com a tributação que existe sobre a folha de salários. Terceiro, porque tem uma coisa gravíssima no Brasil que é você tributar o mesmo produto de forma diferenciada entre os estados da federação, permitindo que entre produtos baratos, importe-se produtos e que haja uma competição desleal com ramos da economia.

2ª parte

Renato – A senhora trabalhou durante mais de sete anos com a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Ela foi seu braço direito. A senhora nunca notou nenhuma irregularidade?

Dilma – Eu, até hoje, nunca vi nenhuma prova e nenhuma ação inidônea da ex-ministra Erenice. Isso não significa que, em havendo denúncias, elas não tenham que ser apuradas. E eu acredito que ninguém está acima das suspeitas. Acho que tudo tem que ser apurado. Agora, eu não tenho, até hoje, nenhum conhecimento de um ato inidôneo da Erenice.

Renata – Mas, candidata, houve demissão de, pelo menos, quatro pessoas, e o filho de Erenice Guerra trabalhava em órgãos da área de influência da Casa Civil. Parentes da ex-ministra ganharam cargos públicos. A senhora nunca reparou nada?

Dilma – Olha, eu não, eu posso dizer, sim, com absoluta franqueza, eu nunca aceitei nem nomeação de parentes nem nomeação por critérios de amizade. Quem me conhece, eu tenho 25 anos de vida pública…

Renata – Por que aconteceu, então?

Dilma – Eu não tenho como responder por ela. Agora, acho que, até onde eu a conheci, ela era uma pessoa bastante idônea. E acho também que isso não significa que eu esteja defendendo a não apuração de responsabilidades. Eu acho que a maior interessada que se apure tudo sou eu. Eu quero que se apure qual é o nível de responsabilidade da ex-ministra Erenice em relação a esses fatos. Porque também resta ser provado que ela tem responsabilidades. É muito perigoso a gente ficar condenando as pessoas sem ter provas. Eu e a minha campanha, para vocês terem uma ideia, eu fiquei três meses sendo acusada, a minha campanha sendo acusada de ser responsável pela quebra de sigilo fiscal em um momento em que eu não era candidata, não era pré-candidata. Não tinha campanha, nem pré-campanha. A partir de agora, vocês até noticiaram, apareceu o responsável. Então, eu acho que merece apuração. Eu não vou fazer pré-julgamento em relação a quem quer que seja. Acho que tudo tem que ser rigorosamente investigado. Doa a quem doer.

Miriam – Ainda ficando nesse caso, a senhora inicialmente disse que era um caso, um factóide de um filho de uma ex-funcionária. Mas, depois o tempo foi passando e outras informações surgiram, e agora sabe-se que o caso envolve dois filhos, marido, irmão, sócio do filho. Assessores da Casa Civil, quatro foram demitidos até o momento. Eu queria saber o seguinte: é um factóide ou um caso que leva a quatro demissões, portanto um caso importante que envolve indícios claríssimos de nepotismo e outras coisas assim?

Dilma - Sabe, Miriam, eu tenho a seguinte posição. A primeira denúncia dizia respeito ao filho da pessoa. Então, eu não posso ser responsabilizada pelo que faz o filho ou o parente de alguém. As respectivas pessoas envolvidas, elas vão ser objeto de uma investigação que inclusive foi pedida por nós, pela Polícia Federal. É fundamental que a gente tenha clareza antes de condenar. Faz parte da civilização a gente provar primeiro e julgar depois.

Miriam – Ele já admitiu que recebeu R$ 120 mil.

Dilma – Mas ele recebeu. Ele é culpado. Se ele admitiu que recebeu e se acha que aquilo é indevido, ele é culpado. Então, ele vai pagar por isso. Agora, daí a fazer qualquer relação com a minha campanha é que são outras… Quer dizer, são outros quinhentos. Porque a minha campanha não está envolvida com essa história.

Renata – Candidata, vamos falar de outra reforma importante. A senhora concedeu uma entrevista em maio e disse que é preciso, na época, estender a terceira idade um pouco mais para lá. Os jornais interpretaram essa sua declaração como uma defesa de mudanças nas regras da aposentadoria. Em seguida, a senhora disse que a imprensa tinha entendido tudo errado. A senhora poderia, então, esclarecer pra gente. Quer dizer, é preciso uma ideia mínima para quem se aposenta ou aumentar o tempo de contribuição?

Dilma – Infelizmente, nesse dia, eu fiz uma brincadeira comigo mesma. Eu disse: a terceira idade, cada dia ela se estende um pouco pra lá. Eu tenho 62 anos, Renata. Era sobre isso que eu estava dizendo.

Renata – O que é muito bom, é uma boa notícia se estender um pouco mais para lá.
Dilma –
O que acontece: eu acho que nós temos uma grande vantagem no Brasil. Nós temos a chamada janela demográfica. Nessa janela demográfica, o Brasil hoje tem mais jovens em idade de trabalhar do que a chamada população dependente: crianças e idosos.
Renata –
Mas a população está envelhecendo.
Dilma –
Pois é, mas esse é um processo que é de médio… Não é de curto prazo. O Brasil ainda tem, nessa janela demográfica, o que se calcula é para além de 2025. Eu acho que hoje você não tem um quadro para justificar uma grande alteração na estrutura da área brasileira no que se refere aos mecanismos de aposentadoria. Aliás, se a gente for ver o déficit da Previdência, o que você vai notar? Você vai notar que toda contribuição urbana é superavitária. O que que é deficitária? Deficitária são as políticas que a constituinte e a Constituição previram no que se refere, por exemplo, à aposentadoria dos trabalhadores rurais que não tinham contribuição prévia. Isso não é problema, eu diria assim, previdenciário. Isso é um problema decorrente de uma política pública adotada pelo Brasil. Eu não resolvo essa questão mudando a idade da aposentadoria. Eu posso fazer o que eu quiser, mas tem uma parte da população que quem tem que assumir o ônus pela política pública de aposentar o trabalhador rural é o Tesouro Nacional.

Míriam – Candidata, é o seguinte: saíram os dados agora do PNAD no IBGE, do saneamento. E eu estava com esperanças de ver um número melhor. Mas o número piorou. Caiu de 59,3% para 59,1% a cobertura de rede de esgoto, incluindo-se fossa séptica ligada à rede coletora, que é um número muito ruim. O Brasil tem tradicionalmente números muito ruins de saneamento. Por que é possível um número tão ruim? Como é possível que a gente chegou a esse número depois de sete anos do governo e dois anos do PAC?

Dilma – Quatro. Eu vou tentar explicar por quê. Eu concordo contigo, eu acho que uma das coisas mais graves do Brasil é o fato de a gente não ter investido em saneamento. A proporção, os gastos com o saneamento nos períodos passados eram pífios, absolutamente pífios.

Míriam – Nesse governo também.

Dilma – Não, nós elevamos o saneamento em três vezes. Levamos investimento para o saneamento. Nós investimos, no PAC, perto de R$ 40 bilhões, R$ 39 bilhões. O problema é o seguinte: quem investe no PAC? Quem investe em saneamento? Me desculpa, Míriam. Quem investe em saneamento é basicamente prefeituras e estado; os estados brasileiros e as prefeituras. O Governo Federal o que fez? Porque o Governo Federal não fazia isso não. Nós colocamos dois recursos: um recurso que foi Orçamento Geral da União. Tiramos do Governo Federal e colocamos à disposição de prefeituras e estados. E financiamos também, coisa que muita gente acha que é algo tranquilo. Ou seja, quem está recebendo dinheiro é quem está sendo responsável. Não é. Você sabe perfeitamente que havia um controle absoluto de financiamento no Brasil. Então, o que acontece? Os estados e as prefeituras levam em média 65 meses para concluir o processo de investimento entre fazer o projeto executivo, fazer o projeto básico, fazer a licença ambiental e contratar a obra. O processo de maturação das obras do PAC não é captado nessa PNAD. Ele vai ser captado na PNAD de 2011 e 2012, porque tem uma porção de obras em andamento. Isso vale para todos os estados da federação sem exceção: vale para Billings e Guarapiranga, vale para todas, por exemplo, vale para a Baixada.
Renato – Candidata, desculpe, mais uma vez, eu interromper a senhora já no final da sua argumentação, mas estamos chegando ao fim do programa, e a senhora tem 30 segundos para fazer as suas considerações finais.
Dilma – Eu concordo que tem muito o que fazer. Eu acredito que o Brasil hoje tem diante de si uma única oportunidade. Hoje, nós temos condição de seguir investindo no tratamento de água, no saneamento. Tem muita coisa para fazer, porque tem um processo longo do que não foi feito: fazer dois milhões de casas, construir seis mil creches, construir 500 UPAs. Mas sobretudo o que eu acho é que o Brasil achou seu rumo.
Renata –
Candidata, desculpe, eu vou ter que interrompê-la para que a gente possa fazer da mesma forma que fizemos com os outros candidatos.

Dilma – Perfeito, eu te agradeço muito. E agradeço ao Renato e a Miriam pela oportunidade. A candidata do PV, Marina Silva, foi ouvida na segunda-feira (20) e o candidato José Serra (PSDB) será entrevistado na quarta-feira (22).

Caça a Dilma Rousseff

Começou para valer a sucessão do presidente Lula e a temporada de caça à ministra Dilma Rousseff, possível candidata petista à presidência da República em 2010, se até lá ela conseguir sobreviver. O primeiro ataque, desfechado por Veja – alguma surpresa? – teve suíte com um "furo" da Folha de S. Paulo no dia 28 de março e nova suíte da Veja neste fim de semana, dando início ao mesmo processo que acabou tirando do governo dois importantes ministros: José Dirceu e Antônio Palocci.

No mesmo dia 28, Kennedy Alencar, colunista da Folha Online, tratou de pôr mais água no moinho do "Dilmagate", como batizou a Folha o episódio. Diz ele que "a semelhança com o caseirogate é evidente. O poderoso Antonio Palocci Filho caiu do Ministério da Fazenda em março de 2006 porque houve o vazamento do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Palocci nega até hoje participação no vazamento".

Tem gente que vê cada semelhança!

No Observatório da Imprensa, o jornalista Luciano Martins Costa raciocina, em artigo divulgado naquele mesmo dia sobre o auê da Folha: "Mas aquilo que mais interessa ao leitor não está dito: a lista com alguns itens de gastos pode ser chamada de ’dossiê’? E qual é a verdadeira dimensão do acontecimento, se o propósito da CPI, afinal, é quebrar o sigilo sobre todas as despesas pessoais tanto deste governo como do governo anterior?".

Luciano acena com a possibilidade de tudo aquilo não passar de uma tempestade em copo d’água.

Aliás, foi essa minha opinião, no espaço de comentários daquele artigo: "Não há dúvida, é uma tempestade em copo d’água que logo estará esquecida. A ministra da Casa Civil teria que demitir a secretária-executiva se esta não tivesse tomado aquela iniciativa de levantar os gastos de cartões do governo anterior, se prevenindo para o que surgisse na CPI. Qualquer assessor político com um mínimo de competência teria feito isso, se adiantando aos fatos. É uma coisa tão corriqueira, que ela nem precisaria ter avisado à ministra sobre o que estava fazendo".

Vamos aguardar pelos próximos episódios.

Eles virão, não tenham dúvidas. Haverá requentamentos de matérias, outras serão inventadas e detalhes criados dando origem às mais estapafúrdias interpretações. Dilma Rousseff tem uma biografia interessante, ainda pouco explorada e propícia a muitas divagações da imprensa e dos marqueteiros.

Mas não custa lembrar o que escreveu a Veja, em janeiro de 2003, quando Dilma Rousseff era ministra das Minas e Energia e José Dirceu o ministro da Casa Civil. Título: "O cérebro do roubo ao cofre – Com passado pouco conhecido, a ministra envolveu-se em ações espetaculares da guerrilha". A reportagem assinada por Alexandre Oltramari diz que o governo Lula tem dois ex-guerrilheiros com posto de ministro de Estado. O texto é ilustrado com duas fotos do tempo em que ela foi presa, com a seguinte legenda: "A ficha nos arquivos militares de Dilma Rousseff, hoje ministra das Minas e Energia: só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armamentos em unidades do Exército no Rio de Janeiro".

Não vou alongar, porque a reportagem está disponível no Google e a queda de José Dirceu é bem conhecida. E porque teremos nos próximos dois anos uma série de novas versões a respeito, se a pré-candidata sobreviver até lá. E ela é dura na queda, pois sobrevive ao conhecido processo de autofagia da esquerda brasileira com notável desempenho. De qualquer forma, não se surpreendam se, numa dessas reportagens, como fez a Veja recentemente com um guerrilheiro cubano famoso, lerem que Dilma fedia ao ser presa. Sem dúvida, ao ser torturada nos porões da polícia política, ela e nem ninguém cheirava bem.

O que importa é que Dilma Rousseff não se envergonha de seu passado, ao contrário de muita gente na idade dela, e até já procurou reparações. Em dezembro de 2006, a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro aprovou seu pedido de concessão de reparação moral. Reproduzo aqui trechos de artigo de Jorge Serrão no blog Alerta Total, de 20 de dezembro de 2006:

Dilma faz parte do folclore da luta armada. A guerrilheira organização marxista VAR-Palmares – e que já foi brizolista no passado – teria participado do assalto à casa de uma amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Do cofre da residência, foram roubados US$ 2 milhões e 400 mil dólares. Dilma alega que ajudou no planejamento. Mas a guerrilheira aposentada garante não participou da ação. Por coincidência, sua reparação saiu no dia 14 de dezembro, data de seu aniversário de 59 anos.

Dilma, que é autora do livro "Mulheres que foram à luta armada" (1998) foi beneficiada pelo depoimento de uma companheira de guerrilha. Vânia Amoretty Abrantes relatou que foi transferida com ela, no mesmo camburão, de uma prisão em São Paulo para o Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), sediado no quartel da Polícia Especial do Exército, na Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro. Apenas por coincidência, Vânia Amoretty é diretora do Grupo Tortura Nunca Mais. Em nome da ONG, Vânia acompanha os trabalhos da Comissão Especial de Reparação.

Ano passado, Dilma fez lobby e recebeu a medalha do Mérito da Ordem Militar – o que irritou oficiais da ativa e da reserva das Forças Armadas contra as quais a guerrilheira Estela (seu principal codinome) lutou nos tempos da guerrilha urbana. Agora, essa "reparação moral" à Dilma vai gerar novas polêmicas. Até porque Dilma será a mulher forte do novo governo Lula. Atual presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Dilma será a responsável por tocar os projetos bilionários de desenvolvimento que irão destravar o País", prometidos pelo presidente reeleito.

Até agora, a direita e a linha dura das Forças Armadas não têm criado grandes problemas à ex-guerrilheira. Como pré-candidata, talvez a coisa mude. Sobretudo, se tiver como concorrente José Serra, um ex-presidente da UNE, e que sabe jogar um jogo político da pesada.

Vai ser interessante acompanhar esse jogo bruto da política brasileira, mesmo sabendo que vamos nos irritar profundamente em muitos momentos da partida.

Muito mais interessante será se, com Dilma Rousseff, tivermos pela primeira vez uma mulher na presidência da República.

DILMA DIZ QUE NEM DEUS A IMPEDE DE SER PRESIDENTE

O CARA DO TITANIC TAMBÉM FALOU
"NEM DEUS AFUNDA ESSE NAVIO",
E DEU NO QUE DEU...


DILMA DIZ:
NEM MESMO CRISTO ME TIRA ESSA VITÓRIA.

Após a inauguração de um comité em Minas, Dilma é entrevistada por um jornalista local.

Veja:

"Como a senhora vê o crescimento da sua candidatura nas pesquisas?

O povo brasileiro sabe escolher, é a continuidade do governo Lula, e após as eleições nós vamos dessarmar o palanque e estender os braços aos nossos adversários, o candidato Serra está convidado a participar do meu governo, porque nesta eleição nem mesmo cristo querendo, me tira essa vitória, as pesquisas comprovam o que eu estou dizendo, vou ganhar no primeiro turno."

Parece que está caindo a imagem de boa moça e aparecendo quem realmente é a Dilma Roussef.

"O Povo Brasileiro estará cometendo um grande erro elegendo Dilma presidente e vão sofrer."
Ciro

Poucos minutos após a entrevista, já tinha caido na internet, twitter.... e ela disse ter sido mal interpretada e que a frase não foi essa, porém alguns mineiros já repudiam a candidata e o quadro eleitoral começa a dar uma reviravolta, em Minas a petista estava a frente de José Serra e agora Serra já ultrapassou com uma vantagem de 5 pontos, tanto que Aécio Neves já está aparecendo na TV pedindo aos mineiros o
apoio unânime a Serra.